Ninguém esquece os estragos, a dor e o sofrimento causados pela intensidade das chuvas do ano passado, no município da Ribeira Brava.
Nove meses depois, muito foi feito no terreno para mitigar os estragos, mas também para precaver os estragos que o ano passado apanharam desprevenida a Vila da Ribeira Brava.
Adilson Melício, delegado do Ministério do Ambiente, Desenvolvimento Rural e Recursos Marinhos do município, destaca que os trabalhos em curso, principalmente, na Vila da Ribeira Brava, mais concretamente na zona de Ladeira de Igreja, Marica, Monte Fora e Ladeira de Guiné, foram iniciados em Dezembro de 2009, logo após as chuvas.
O Ministério deu inicio às obras de mecânica de conservaçao do solo, ou seja, à construçao de diques de retenção e muros de protecção.
Melício explica que, “na sua maioria, os muros foram feitos com gavionada porque são zonas de difícil acesso e as construções nessas áreas são extremamente caras”.
Fazendo obras com gaviões, os custos ficam mais moderados, porque têm a ver, principalmente, com o transporte do material.
Na maioria dos casos, os muros são argamassados e têm que ter cimento e pedra. Como afirma Melício, “todo este material é transportado por pessoas. Neste momento, temos cerca de cem trabalhadores, só nestas zonas, em que a maioria são mulheres, que transportam água e os gaviões, cimento e as pedras são transportados por homens”.
É um trabalho extremamente dificil e árduo que exige força, mas também técnica. As obras de prevenção das chuvas acabam assim por vir trazer alguma fonte de sustento a várias famílias, num trabalho em que estas pessoas são vistas como verdadeiros hérois do município.
Trabalhos não são suficientes
Neste momento, as intervenções realizadas já ultrapassaram os 30 mil contos de investimento mas, segundo Melício, pelos cálculos realizados, “só para corrigir a zona do Vale, serão precisos cerca de 200 mil contos e para se fazer a correcção da Bacia o orçamento está acima dos 500 mil contos”.
É certo que estas obras são intervenções a serem executadas a curto, médio e longo prazos, mas quer o Ministério, quer a autarquia da Ribeira Brava acreditam que as obras que foram feitas este ano, irão minimizar os impactos que possam vir a ser causados pelas chuvas, mas adimtem que os mesmos estão longe de serem suficientes.
Além dos trabalhos de protecção com muros e diques, Melício revela que foram priorizadas algumas linhas de água, “que acreditamos que terão maior impacto em termos de estragos na Vila, mas serão obras que teremos de continuar se queremos ter uma Vila protegida”.
Américo Nascimento, presidente da Câmara Municipal da Ribeira Brava reforça o trabalho empreendido na Vila, com a correcção do troço da ribeira que passa na capital do município.
O edil ribeira-bravense explica que “fizemos um desassoreamento gigantesco e estamos a tomar medidas cautelares, mas não sabemos qual será a quantidade de chuva que irá cair”.
No entanto, o mesmo revela que o reordenamento da Bacia Hidrográfica é um Plano que vai continuar, pelo menos, durante mais dois anos.
No plano de medidas consta a construção de um Quartel de Bombeiros e Protecção Civil, para o qual já há projecto, mas ainda não há financiamento.
Neste campo, a autarquia tem um acordo com a Empresa de Segurança Aérea (ASA), para formar bombeiros municipais capacitados para actuar em várias situações, como as das chuvas, e a nível da Protecção Civil.
Enquanto esses agentes não chegam, Nascimento tem já a certeza de que o município vai poder contar com um contigente de 25 militares, que vão prestar apoio e acautelar a época das chuvas, caso venha a ser necessário.
O autarca afirma que a Ribeira Brava está mais capacitada, em termos de meios humanos e técnicos para as chuvas, mas admite que “ainda temos muitas fragilidades como as estradas e vias de acesso e as linhas de água”.
Restabelecer acesso à água
Além dos trabalhos de protecção, em muitas localidades, foram reconstruídos os reservatórios destruídos pelas chuvas.
O Ministério do Ambiente construiu diques de captação de água e fez a distribuição de milhares de quilómetros de tubos para adução e distribuição de água às parcelas destruídas e praticamente infrutíferas.
Melício explica que o Ministério considerou que estes trabalhos seriam prioritários porque, principalmente, “nas zonas de regadio, algumas propriedades ficaram sem água e as famílias dependem dessa água para sobreviver”.
O objectivo é que os agricultores, mesmo com pouca terra disponível, por causa dos estragos, trabalhem nas parcelas de regadio e obtenham o sustento das suas familias.
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